"É hora, sim, de pensarmos em como seria a vida urbana e no campo se parte da ética e do fazer das ecovilas pudesse ser vivenciada pelos cidadãos, ainda que sem fórmulas prontas, universais. E mais: pensarmos de que maneira esse conjunto de experiências das ecovilas pode ajudar a humanidade a superar as barreiras e desafios socioambientais que se nos apresentam.
Coisa de hippie, de bicho-grilo, de ecochato. Muita gente ainda pode até pensar que viver numa comunidade com valores ecológicos é coisa de gente esquisita, desajustada (no sentido pejorativo do termo – se é que há algum). Sabe o que eu acho? Que isso está mudando, e muito. Para mim, fazer essa opção exige coragem, mas, acima de tudo, confiança na capacidade humana de transformar o mundo à nossa volta – e na escolha de ser “cobaia” de uma experiência que não depende de escolhas individuais, mas sim de caminhos trilhados em grupo.
Gente sem esperança não muda, não reage, não ousa. E o momento presente pede isso. É por isso que me dedico hoje a experimentar uma vida nova, mais longe das facilidades urbanas (que nos cobram um alto preço, sempre), mas mais perto de tudo de que preciso para experimentar meu discurso no dia a dia, e, quem sabe, convidar mais e mais pessoas para essa mesma jornada."
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Texto que um dia quero redigir com as minhas próprias palavras e sentimentos...
"Mudança para a ecovila!Giuliana Capello - 03/04/2012 às 14:22
É estranho dizer isso, mas meu sonhou virou realidade. Estou fazendo as malas para me mudar para a Ecovila Clareando neste feriado de Páscoa. Há pouco mais de um ano, me mudei de São Paulo para a cidade de Piracaia, mas ainda na área urbana. E a partir de amanhã começo minha passagem para o campo, a zona rural da cidade, a 15 km do centro.
Desde que entrei para a comunidade até hoje, são tantas as histórias e as descobertas que não caberiam aqui, nem em palavras, nem em sentimentos. Mas toda semana relato um pouquinho a você, na esperança de inspirá-lo(a) a dar passos importantes em direção a uma vida mais plena, cheia de sentido e conectada à natureza. E sabe por quê? Porque essas escolhas fazem um bem danado à gente, pode acreditar!
Como explicar o que sinto neste momento? Talvez este seja o post mais difícil que já publiquei até hoje, porque meu coração tem, neste exato instante, zilhões de borboletas voando e pulando feito criança no jardim. Sinto uma gratidão enorme por ter recebido tantos presentes maravilhosos desde que resolvi que faria da minha vida uma constante caminhada em busca de integração (e devoção, por que não?) à nossa Mãe Terra.
Comecei com passos pequenos, no dia a dia da metrópole, separando o lixo de casa, fazendo uma composteira e usando o adubo num pequeno herbário doméstico. Depois vieram os cursos, as vivências, as partilhas, as pessoas bacanas que conheci e passaram a caminhar ao meu lado, as sementes inspiradoras, o coração batendo mais forte, a ânsia de mergulhar cada vez mais e mais.
Com esses pequenos hábitos mudados, outros foram se transformando lentamente: reduzi minhas compras, tornei minha alimentação menos industrializada, passei a praticar yoga e a trabalhar em casa, aprendi que meditar é delicioso. Fiz amigos que hoje são meus irmãos no sentido mais amplo que você possa imaginar. E como sou grata a eles! Eles me ajudaram a seguir em frente nos momentos de insegurança, me ensinaram que junto se vai mais longe, que sonho sonhado junto tem mais força e ganha peso de verdade, tangível, como algo desconhecido mas que já tem sabor. E, claro, tive sempre a companhia fundamental do meu marido, sempre ao meu lado, descobrindo comigo que uma vida mais simples pode ser incrivelmente mais gostosa.
É, chegou a hora de dar o passo que faltava. Tenho consciência de que ninguém muda do dia para a noite só porque trocou de endereço. Mas me sinto pronta para esta nova etapa da minha vida, porque me vi transformando comportamentos ao longo do tempo, devagar, um pouquinho por dia.
Já não compro mais roupas com frequência (aliás, nem passo roupas há, pelo menos, sete anos), não pinto o cabelo com a cor da moda nem frequento shopping centers. Não tenho tv a cabo em casa e, cá entre nós, a programação da tv aberta dispensa comentários… Também não adquiri o hábito de fazer up grades de equipamentos (meu celular já fez aniversários e não tenho nenhum item da família iPod, iPad etc, nem acho que isso me faz alguma falta – que me perdoem os malucos por tecnologia). Rede social, para mim, como diz um amigo querido, é aquela que está pendurada na varanda e disponível para os amigos 24 horas por dia…
Agora é a hora. E me sinto com coragem para isso. Ouvir de muitos desconfiados que minha opção de vida era maluquice não me desanimou, mas muito me ajudou a fortalecer e até a entender os motivos que me trouxeram até aqui. E são tantos, se você soubesse!
Nosso planeta é magnífico, quero aprender com ele, com seus ritmos, tempos, destemperos. A varanda da minha casa na ecovila tem uma vista para um vale fantástico, na direção leste, o que me possibilita ver o sol nascer, ver a neblina se dissipar lentamente nas primeiras horas do dia, contemplar a chuva, sentir o vento, ter o prazer e a gratidão de ver um arco-íris inteirinho, abençoando a ecovila como num abraço dos céus. (Confesso: é difícil não flertar com o divino nessas horas…)
Que mais posso dizer? Ah, sim, este blog deve mudar um pouquinho, junto comigo, é claro. Talvez ele se fortaleça como uma pequena e humilde ponte entre dois mundos que ainda precisam descobrir elos importantes: o rural e o urbano. Muito se fala de sustentabilidade nas grandes cidades, mas poucos se lembram de que o campo ainda é o ambiente que sustenta a vida dos cidadãos que pisam em asfalto o tempo todo – basta lembrar que a água e boa parte dos alimentos que abastecem as grandes cidades vêm dos municípios vizinhos, que ainda conservam gente no campo e rios menos poluídos… E quem sou eu no meio de tudo isso? Por que resolvi deixar em segundo plano as novidades contemporâneas e a velocidade frenética dos tempos atuais para viver no meio do mato? Quantos outros como eu estão nessa mesma busca? E por quê? É isso que quero partilhar, trocar, tentar entender aqui…
Nossa ligação com o campo e a terra (e a Terra) precisa ser burilada com delicadeza e persistência, todos os dias. O campo não é um lugar para ser esquecido, mas zelado, compreendido, valorizado, redescoberto. Para ser bem sincera, nunca havia pensado em morar tão longe da cidade, mas também não sabia que era possível viver em comunidade em pleno século XXI. Quando nos abrimos para novos horizontes, certezas antes absolutas adquirem frestas que nos fazem enxergar o mundo por outro ângulo. E isso é bom! É muito bom!
Este é o convite que gostaria de fazer a você, caso esteja em busca de uma vida mais sustentável, mais ecológica, mais alinhada com os pedidos de ajuda que nosso planeta nos faz diariamente: não tenha medo de mudar, não deixe que a incerteza bloqueie seus sonhos, não espere a aposentadoria para pensar naquele sítio tranquilo ou na casa com quintal que seus filhos iriam adorar. A hora é agora, e do outro lado do arco-íris há um mundo que só você pode descobrir."
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Momentos atuais...
Texto de Roger N. Walsh de 1990. Os números podem estar um pouco desatualizados, mas sua relação com a atualidade é certa. Precisamos mudar nossas necessidades, precisamos focar no que realmente importa, precisamos retomar nossa posição como seres humanos, como racionais. E, de repente assim, conseguiremos nos salvar da extinção.
"Não é segredo nenhum que estamos num momento de imensas oportunidades e riscos enormes. Embora tenhamos recursos para criar um verdadeiro Céu na Terra, parecemos apenas estar criando um verdadeiro inferno.
Os números são conhecidos, mas não menos aterradores. Nossa população está explodindo, aliás duplicando-se a cada quarenta anos. Nosso meio ambiente está sendo destruído por lepras químicas emanadas da população urbana, da chuva ácida, da destruição da camada de ozônio, do dióxido de carbono e da população tóxica. Nossas florestas estão desaparecendo e os desertos aumentando.
Perto de vinte milhões de pessoas, a cada ano, morrem devagar, sofrendo dores, e desnecessariamente de fome, e mais de setecentos milhões são subnutridos.
Como se não bastasse, pairando como uma nuvem agourenta acima disso tudo, está a ameaça nuclear, que representa a possível eliminação não de culturas e indivíduos apenas, mas de toda a civilização. As ogivas nucleares atuais podem conter poder explosivo equivalente a 20 bilhões de toneladas de TNT, o que é suficiente para lotar um trem e seus vagões enfileirados por quase 7 milhões de km. Esse trem daria a volta na Terra cento e sessenta vezes ou iria até a lua e voltaria oito vezes.
Mesmo que essa armas continuem inativas, ainda sim causam morte e sofrimentos indizíveis. Todos os anos, o mundo gasta mais de US$ 1 trilhão em armamento. Contudo, a Comissão Presidencial Sobre a Fome no Mundo estimou que custaria apenas US$ 6 bilhões por ano para erradicar a fome e a destruição do planeta, numa quantidade equivalente menor do que os gastos com três dias de armamentos. Não é de espantar que o Papa Paulo IV tenha deplorado como a corrida armamentista mata, sejam as armas usadas ou não.
Portanto, estamos diante de uma momento decisivo da história humana, em que há possibilidades incontáveis de um lado, e sofrimento interminável, de outro. Em nenhum outro ponto da história humana, tivemos maiores oportunidades e riscos.
É também notável em nossa era, além do alcance inacreditável e da urgência absoluta de nossos problemas, que pela primeira vez, em milhões de anos de evolução, todas as grandes ameaças à nossa sobrevivência são causadas pelas pessoas .
Problema de ausência de alimentos, poluição e armas nucleares decorrem diretamente de nosso próprio comportamento e de medos, esperanças, fobias e fantasias, desejos e delírios que dão força a tais comportamentos. O estado do mundo, em outras palavras, reflete o estado de nossas mentes. Os conflitos que nos rodeiam reflete os conflitos que temos dentro de nós; a insanidade que existe ali adiante é um reflexo em espelho da insanidade que existe em nós.
O que isso significa é que as atuais ameaças humanas e ao bem estar dos indivíduos são na realidade sintomas de nosso estado mental coletivo e individual.
Para compreendermos e corrigirmos a condição do mundo, devemos entender melhor a fonte tanto de nossos problemas, como das soluções : nós mesmos. Como disse o senador W.F. " Só com base num entendimento de nossa conduta é que podemos ter esperança de controlá-la de maneira de maneira a assegurar a sobrevivência da raça humana " . Nada disso pretende negar a importância das forças sociais, militares e econômicas. Pelo contrário, pretende salientar raízes psicológicas que a sustentam e que em geral, não são sequer mencionadas.
Essas raízes psicológicas estão se tornando cada vez mais compreendidas e está em andamento a realização de um trabalho destinado a criar uma psicologia da sobrevivência humana. Já foram identificados muitos fatores psicológicos e alguns deles relacionam-se diretamente ao xamanismo e à sua visão de mundo. Entre eles, estão nosso relacionamento interpessoal, nossa relação com a Terra e com as formas de vida que nela existem.
A visão predominante, no Ocidente, tem sustentado - pelo menos uma perspectiva sutil - que o mundo e tudo o que nele existe serve para nos beneficiar. A Terra em geral tem sido considerada um imóvel inanimado disponível para para nossas iniciativas de espoliação. Quantas às formas de vida existentes , presume-se, normalmente, que como diz o Gênesis " temos domínio sobre os peixes do mar, os pássaros do ar e todas as outras coisas vivas que se movem na superfície da Terra". Em resumo, vemo-nos como seres separados e superiores a tudo o que está dentro e fora da Terra, e temos abusado dessa perspectiva para justificar a destruição de tudo o que se interpuser em nosso caminho.
Consideramo-nos também seres separados uns dos outros.
Embora possamos nos comunicar com todos, relacionarmos, e até mesmo, amarmos, em última instância vivemos e morremos sós. Salientamos a nossa distância em relação aos outros mais do que o nosso elo de ligação com eles, nossa independência mais do que nossa interdependência.
Esta visão de vida coloca poucos obstáculos à nossa agressividade.
Apesar disso, através de toda a história, muitas pessoas consideraram que essa sensação de separação é a causa do medo e do sofrimento humanos. " Onde quer que existe o outro, existe o medo " proferiu o antigo texto Upanixades indiano, enquanto em nosso próprio tempo o existencialista J.P. Sartre resumiu uma visão semelhante dizendo " o inferno é o outro "."
"Não é segredo nenhum que estamos num momento de imensas oportunidades e riscos enormes. Embora tenhamos recursos para criar um verdadeiro Céu na Terra, parecemos apenas estar criando um verdadeiro inferno.
Os números são conhecidos, mas não menos aterradores. Nossa população está explodindo, aliás duplicando-se a cada quarenta anos. Nosso meio ambiente está sendo destruído por lepras químicas emanadas da população urbana, da chuva ácida, da destruição da camada de ozônio, do dióxido de carbono e da população tóxica. Nossas florestas estão desaparecendo e os desertos aumentando.
Perto de vinte milhões de pessoas, a cada ano, morrem devagar, sofrendo dores, e desnecessariamente de fome, e mais de setecentos milhões são subnutridos.
Como se não bastasse, pairando como uma nuvem agourenta acima disso tudo, está a ameaça nuclear, que representa a possível eliminação não de culturas e indivíduos apenas, mas de toda a civilização. As ogivas nucleares atuais podem conter poder explosivo equivalente a 20 bilhões de toneladas de TNT, o que é suficiente para lotar um trem e seus vagões enfileirados por quase 7 milhões de km. Esse trem daria a volta na Terra cento e sessenta vezes ou iria até a lua e voltaria oito vezes.
Mesmo que essa armas continuem inativas, ainda sim causam morte e sofrimentos indizíveis. Todos os anos, o mundo gasta mais de US$ 1 trilhão em armamento. Contudo, a Comissão Presidencial Sobre a Fome no Mundo estimou que custaria apenas US$ 6 bilhões por ano para erradicar a fome e a destruição do planeta, numa quantidade equivalente menor do que os gastos com três dias de armamentos. Não é de espantar que o Papa Paulo IV tenha deplorado como a corrida armamentista mata, sejam as armas usadas ou não.
Portanto, estamos diante de uma momento decisivo da história humana, em que há possibilidades incontáveis de um lado, e sofrimento interminável, de outro. Em nenhum outro ponto da história humana, tivemos maiores oportunidades e riscos.
É também notável em nossa era, além do alcance inacreditável e da urgência absoluta de nossos problemas, que pela primeira vez, em milhões de anos de evolução, todas as grandes ameaças à nossa sobrevivência são causadas pelas pessoas .
Problema de ausência de alimentos, poluição e armas nucleares decorrem diretamente de nosso próprio comportamento e de medos, esperanças, fobias e fantasias, desejos e delírios que dão força a tais comportamentos. O estado do mundo, em outras palavras, reflete o estado de nossas mentes. Os conflitos que nos rodeiam reflete os conflitos que temos dentro de nós; a insanidade que existe ali adiante é um reflexo em espelho da insanidade que existe em nós.
O que isso significa é que as atuais ameaças humanas e ao bem estar dos indivíduos são na realidade sintomas de nosso estado mental coletivo e individual.
Para compreendermos e corrigirmos a condição do mundo, devemos entender melhor a fonte tanto de nossos problemas, como das soluções : nós mesmos. Como disse o senador W.F. " Só com base num entendimento de nossa conduta é que podemos ter esperança de controlá-la de maneira de maneira a assegurar a sobrevivência da raça humana " . Nada disso pretende negar a importância das forças sociais, militares e econômicas. Pelo contrário, pretende salientar raízes psicológicas que a sustentam e que em geral, não são sequer mencionadas.
Essas raízes psicológicas estão se tornando cada vez mais compreendidas e está em andamento a realização de um trabalho destinado a criar uma psicologia da sobrevivência humana. Já foram identificados muitos fatores psicológicos e alguns deles relacionam-se diretamente ao xamanismo e à sua visão de mundo. Entre eles, estão nosso relacionamento interpessoal, nossa relação com a Terra e com as formas de vida que nela existem.
A visão predominante, no Ocidente, tem sustentado - pelo menos uma perspectiva sutil - que o mundo e tudo o que nele existe serve para nos beneficiar. A Terra em geral tem sido considerada um imóvel inanimado disponível para para nossas iniciativas de espoliação. Quantas às formas de vida existentes , presume-se, normalmente, que como diz o Gênesis " temos domínio sobre os peixes do mar, os pássaros do ar e todas as outras coisas vivas que se movem na superfície da Terra". Em resumo, vemo-nos como seres separados e superiores a tudo o que está dentro e fora da Terra, e temos abusado dessa perspectiva para justificar a destruição de tudo o que se interpuser em nosso caminho.
Consideramo-nos também seres separados uns dos outros.
Embora possamos nos comunicar com todos, relacionarmos, e até mesmo, amarmos, em última instância vivemos e morremos sós. Salientamos a nossa distância em relação aos outros mais do que o nosso elo de ligação com eles, nossa independência mais do que nossa interdependência.
Esta visão de vida coloca poucos obstáculos à nossa agressividade.
Apesar disso, através de toda a história, muitas pessoas consideraram que essa sensação de separação é a causa do medo e do sofrimento humanos. " Onde quer que existe o outro, existe o medo " proferiu o antigo texto Upanixades indiano, enquanto em nosso próprio tempo o existencialista J.P. Sartre resumiu uma visão semelhante dizendo " o inferno é o outro "."
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