segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Texto que um dia quero redigir com as minhas próprias palavras e sentimentos...

"Mudança para a ecovila!Giuliana Capello - 03/04/2012 às 14:22

É estranho dizer isso, mas meu sonhou virou realidade. Estou fazendo as malas para me mudar para a Ecovila Clareando neste feriado de Páscoa. Há pouco mais de um ano, me mudei de São Paulo para a cidade de Piracaia, mas ainda na área urbana. E a partir de amanhã começo minha passagem para o campo, a zona rural da cidade, a 15 km do centro.
Desde que entrei para a comunidade até hoje, são tantas as histórias e as descobertas que não caberiam aqui, nem em palavras, nem em sentimentos. Mas toda semana relato um pouquinho a você, na esperança de inspirá-lo(a) a dar passos importantes em direção a uma vida mais plena, cheia de sentido e conectada à natureza. E sabe por quê? Porque essas escolhas fazem um bem danado à gente, pode acreditar!
Como explicar o que sinto neste momento? Talvez este seja o post mais difícil que já publiquei até hoje, porque meu coração tem, neste exato instante, zilhões de borboletas voando e pulando feito criança no jardim. Sinto uma gratidão enorme por ter recebido tantos presentes maravilhosos desde que resolvi que faria da minha vida uma constante caminhada em busca de integração (e devoção, por que não?) à nossa Mãe Terra.
Comecei com passos pequenos, no dia a dia da metrópole, separando o lixo de casa, fazendo uma composteira e usando o adubo num pequeno herbário doméstico. Depois vieram os cursos, as vivências, as partilhas, as pessoas bacanas que conheci e passaram a caminhar ao meu lado, as sementes inspiradoras, o coração batendo mais forte, a ânsia de mergulhar cada vez mais e mais.
Com esses pequenos hábitos mudados, outros foram se transformando lentamente: reduzi minhas compras, tornei minha alimentação menos industrializada, passei a praticar yoga e a trabalhar em casa, aprendi que meditar é delicioso. Fiz amigos que hoje são meus irmãos no sentido mais amplo que você possa imaginar. E como sou grata a eles! Eles me ajudaram a seguir em frente nos momentos de insegurança, me ensinaram que junto se vai mais longe, que sonho sonhado junto tem mais força e ganha peso de verdade, tangível, como algo desconhecido mas que já tem sabor. E, claro, tive sempre a companhia fundamental do meu marido, sempre ao meu lado, descobrindo comigo que uma vida mais simples pode ser incrivelmente mais gostosa.
É, chegou a hora de dar o passo que faltava. Tenho consciência de que ninguém muda do dia para a noite só porque trocou de endereço. Mas me sinto pronta para esta nova etapa da minha vida, porque me vi transformando comportamentos ao longo do tempo, devagar, um pouquinho por dia.
Já não compro mais roupas com frequência (aliás, nem passo roupas há, pelo menos, sete anos), não pinto o cabelo com a cor da moda nem frequento shopping centers. Não tenho tv a cabo em casa e, cá entre nós, a programação da tv aberta dispensa comentários… Também não adquiri o hábito de fazer up grades de equipamentos (meu celular já fez aniversários e não tenho nenhum item da família iPod, iPad etc, nem acho que isso me faz alguma falta – que me perdoem os malucos por tecnologia). Rede social, para mim, como diz um amigo querido, é aquela que está pendurada na varanda e disponível para os amigos 24 horas por dia…
Agora é a hora. E me sinto com coragem para isso. Ouvir de muitos desconfiados que minha opção de vida era maluquice não me desanimou, mas muito me ajudou a fortalecer e até a entender os motivos que me trouxeram até aqui. E são tantos, se você soubesse!
Nosso planeta é magnífico, quero aprender com ele, com seus ritmos, tempos, destemperos. A varanda da minha casa na ecovila tem uma vista para um vale fantástico, na direção leste, o que me possibilita ver o sol nascer, ver a neblina se dissipar lentamente nas primeiras horas do dia, contemplar a chuva, sentir o vento, ter o prazer e a gratidão de ver um arco-íris inteirinho, abençoando a ecovila como num abraço dos céus. (Confesso: é difícil não flertar com o divino nessas horas…)
Que mais posso dizer? Ah, sim, este blog deve mudar um pouquinho, junto comigo, é claro. Talvez ele se fortaleça como uma pequena e humilde ponte entre dois mundos que ainda precisam descobrir elos importantes: o rural e o urbano. Muito se fala de sustentabilidade nas grandes cidades, mas poucos se lembram de que o campo ainda é o ambiente que sustenta a vida dos cidadãos que pisam em asfalto o tempo todo – basta lembrar que a água e boa parte dos alimentos que abastecem as grandes cidades vêm dos municípios vizinhos, que ainda conservam gente no campo e rios menos poluídos… E quem sou eu no meio de tudo isso? Por que resolvi deixar em segundo plano as novidades contemporâneas e a velocidade frenética dos tempos atuais para viver no meio do mato? Quantos outros como eu estão nessa mesma busca? E por quê? É isso que quero partilhar, trocar, tentar entender aqui…
Nossa ligação com o campo e a terra (e a Terra) precisa ser burilada com delicadeza e persistência, todos os dias. O campo não é um lugar para ser esquecido, mas zelado, compreendido, valorizado, redescoberto. Para ser bem sincera, nunca havia pensado em morar tão longe da cidade, mas também não sabia que era possível viver em comunidade em pleno século XXI. Quando nos abrimos para novos horizontes, certezas antes absolutas adquirem frestas que nos fazem enxergar o mundo por outro ângulo. E isso é bom! É muito bom!
Este é o convite que gostaria de fazer a você, caso esteja em busca de uma vida mais sustentável, mais ecológica, mais alinhada com os pedidos de ajuda que nosso planeta nos faz diariamente: não tenha medo de mudar, não deixe que a incerteza bloqueie seus sonhos, não espere a aposentadoria para pensar naquele sítio tranquilo ou na casa com quintal que seus filhos iriam adorar. A hora é agora, e do outro lado do arco-íris há um mundo que só você pode descobrir."

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