"... mas as vastas extensões de terras de monocultura não substituem os ecossistemas naturais. Já estamos cultivando mais o solo do que a Terra pode suportar, e se tentarmos cultivar a Terra inteira para alimentar as pessoas, mesmo com agricultura orgânica, seremos como marinheiros que queimam a madeira e cordames do navio para se manter aquecidos. Os ecossistemas naturais da Terra não existem para serem transformados em terra cultivável, mas para conservar o clima e a química do planeta." (LOVELOCK, James. A vingança de Gaia. Ed. Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006. P.24.)
Neste mesmo livro, Lovelock expõe que, ainda que parássemos neste momento de consumir todo e qualquer combustível fóssil, a Terra demoraria cerca de 10 mil anos para começar um processo de recuperação dos danos que causamos a ela. Cita também que a causa maior da elevação do nível dos oceanos não se dá pelo derretimento das geleiras intensificado pelo Efeito estufa mas sim, pela elevação gradual de temperatura, dada pelo mesmo efeito, que ocasiona a dilatação da água. As geleiras possuem a função de, assim como as matas e florestas, serem "ar condicionados" de Gaia, funcionando como reguladores de temperatura, contendo os extremismos.
Entretanto, o capitalismo e o aumento vertiginoso da população mundial nos fez verdadeiros assassinos deste sistema de refrigeração. Derrubamos florestas para o cultivo de alimentos, de grãos, de mato, tudo em alta escala. Donos de terras dizem "mas respeitamos a cota mínima de mata nativa que as leis dizem que devemos conservar". E DESDE QUANDO O GOVERNO PODE DIZER QUANTO PODEMOS EXTRAIR OU NÃO DA NATUREZA???
Partindo do princípio que não somos donos de nada, já que nossa vida aqui nos é permitida, assim como de muitos outros seres. A humanidade dominou o mundo, se diz dona de algo que não lhe pertence. Criam documentos que comprovam, baseados em suas leis, quando Gaia certamente não possui um código, com artigos, pois se tivesse seríamos condenados como assassinos, ou pelo menos seríamos culpados por extorquir dela além do que necessitamos para nossa sobrevivência.
Tudo existe por algum motivo. Da maior montanha, ao menor protozoário. Inclusive as moscas têm sua devida função, por mais incomodas que possam parecer. Então, como podemos dizer que respeitando uma lei não estaremos contribuindo para a aniquilação de nossa espécie? O que nos faz melhores que as porções de mata nativa que derrubamos pela nossa ganância? Ou alguém irá me convencer que plantando extensões quilométricas de alimentos, matos, rodovias, iremos garantir a manutenção do sistema de Gaia?
Dia 20 de agosto deste ano foi marcado o Dia de Sobrecarga da Terra. Ou seja, em 8 (oito) meses consumimos a cota de recursos naturais que a natureza poderia nos oferecer para o ano. Significa ainda que este dia foi o marco anual de quando o consumo humano ultrapassou a capacidade de renovação do planeta. Então, a partir do dia 21 de agosto até o dia 31 de dezembro estamos sugando do planeta algo que ele não tem para repor.
Simplesmente, não enxergo como destruindo aquilo que a Terra nos dá conseguiremos manter aquilo que ela nos dá... É confuso, sem lógica. Há bilhões de anos atrás, quando o planeta foi criado, começou uma constante evolução para sua manutenção, espécies foram extintas, novas foram criadas, outras evoluíram, um perfeito sistema, onde aquilo que se adapta permanece. Estima-se que a Terra sobreviva pelo menos mais uns 5 bilhões de anos. Vejam bem, estou falando do planeta. Hoje, somos parasitas aqui. Estamos destruindo a Terra, como um câncer destrói nossas células. E, assim como lutamos por nossas vidas, Gaia luta por ela, e pelos milhões de outras espécies que a habitam sem prejudicá-la. Logo, estamos não só acabando com os recursos naturais, afetando drasticamente o equilíbrio mundial, mas caminhando rumo a nossa própria extinção.
"O comportamento tribal está certamente inscrito na linguagem de nosso código genético. [...] Por sermos animais tribais, a tribo não age unida enquanto não perceber um perigo real e presente. Essa percepção ainda não ocorreu."(LOVELOCK, James. A vingança de Gaia. Ed. Intrínseca, Rio de Janeiro, 2006. P.22.)
Alguns poucos indivíduos, dentre os 7 bilhões que somos, já perceberam o perigo eminente e optaram por uma real mudança de consciência. Infelizmente, se outros não se derem conta do que está acontecendo, poderá ser tarde demais para a humanidade. Yann Arthus Bertrand diz que uma revolução espiritual, no sentido moral e ético, é necessária, onde cada indivíduo vai se dar conta do impacto de sua vida quotidiana ao planeta e, baseado nisso, irá mensurar o que poderá mudar para reduzir este impacto.
Sabemos que cada um tem seu tempo, sua forma de ver as coisas e sua dimensão de mundo, cada um observa e absorve as informações à sua maneira e às digere de modo distinto. Com base nisso, devemos promover uma mudança individual, gradativa para posteriormente partirmos para a mudança humana tão necessária. Enquanto muitos se calam sucumbindo às ordens e anseios de uns poucos, o ser humano mantém-se caminhando para sua aniquilação.
Você pode ajudar a salvar o mundo. Você deve ajudar a salvar o mundo. Tome consciência disso e espalhe essa consciência adiante!
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